Homenagem aos Acadêmicos da Academia Cearense de Engenharia

Homenagem aos Acadêmicos da Academia Cearense de Engenharia

HOMENAGEM AOS ACADÊMICOS DA
ACADEMIA CEARENSE DE ENGENHARIA

A Academia Cearense de Engenharia-ACE é uma associação técnico-científico-cultural, que atua de forma honorífica, independente e suprapartidária. Apesar de pouca existência, com menos de cinco anos, a ACE teve atuação técnica e política, através de seus atuais Acadêmicos, na viabilização do Projeto de Integração de Bacias do Rio São Francisco.

Os integrantes da Academia Cearense de Engenharia são pessoas que pautaram suas vidas pela Ética. Que se dedicaram ao trabalho, com competência técnica e com foco em resultados. Mesclaram o bom senso aos seus conhecimentos multidisciplinares, para realizar trabalhos inovadores, e de qualidade, com a correta utilização dos conhecimentos da Engenharia.

Alguns foram, ou ainda são: empresários, reitores, pró-reitores, professores, ministros de Estado, prefeitos, secretários estaduais e municipais, gestores públicos regionais e nacionais, dirigentes de entidades de classe, ou profissionais da engenharia, entre tantas outras funções relevantes.

Em relação ao Projeto de Integração de Bacias ao Rio São Francisco,  alguns dos atuais Acadêmicos da Academia Cearense de Engenharia, mesmo antes de sua criação, deram contribuições, que foram fundamentais para o desenvolvimento da obra, recém-concluída.

De forma resumida, estas contribuições serão destacadas a seguir.

Antes, é fundamental relembrar que o Projeto de Integração de Bacias com o Rio São Francisco enfrentou forte rejeição de engenheiros e cidadão dos estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais, que acreditavam, equivocadamente, que o rio seria fortemente prejudicado com a destinação da água para os Estados localizados nos Eixos Norte e Leste.

Neste contexto, a engenharia cearense foi decisiva para a viabilização do projeto de Integração de Bacias com o Rio São Francisco. Quatro acadêmicos titulares da ACE fizeram parte da história desta obra, e merecem o reconhecimento dos cearenses pela grande contribuição técnica e de gestão dada pelos engenheiros: Francisco José Coelho Teixeira; Francisco Lopes Viana; Hypérides Pereira de Macedo; e Roberto Sergio Farias de Souza:

O Engenheiro Civil Francisco José Coelho Teixeira colaborou em duas ocasiões com o Ministério da Integração Nacional, participando ativamente do Projeto de Integração do Rio São Francisco – PISF. No primeiro período, entre os anos de 2005 e 2006, o profissional foi assessor especial dos Ministros Ciro Gomes e Pedro Brito, participando de vários debates para viabilização do empreendimento, e teve participação decisiva na formatação do modelo de gestão do Projeto.

Neste período, o engenheiro participou de um grupo especial formado por técnicos do Ministério da Integração, Agência Nacional de Águas- ANA e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco–Chesf, com intuito de estabelecer o melhor modelo para definição do operador do PISF e dos operadores estaduais. No mesmo período, teve atuação importante na obtenção da outorga do PISF junto à Agência Nacional de Águas–ANA, e na obtenção da licença ambiental junto ao IBAMA.

No segundo período de participação, entre fevereiro de 2012 a dezembro de 2014, colaborou inicialmente como Secretário Nacional de Infraestrutura Hídrica, e em seguida, como Ministro de Estado da Integração Nacional. Ficou sob sua coordenação o Conselho de Gestão do Projeto do São Francisco, que tinha como uma de suas missões o refinamento do modelo de operação e manutenção do PISF. Nesta segunda participação, teve participação decisiva para a retomada das obras, coordenando o levantamento de todos os serviços remanescentes e o processo de novas licitações, uma vez que 13 (treze) dos 14 (quatorze) lotes, anteriormente contratados, estavam paralisadas. Na condição de Ministro da Integração, garantiu a continuidade da obra com, a participação de 11.500 trabalhadores. Sob sua gestão, o empreendimento saiu de um estágio com menos de 40% dos serviços executados, alcançando o patamar de quase 80% dos trabalhos concluídos.

Sem desmerecer aos presidentes, ministros, governadores, prefeitos e demais colaboradores técnicos, pode-se afirmar que o engenheiro civil Francisco José Coelho Teixeira é o “PAI DO PISF”, pois foi o único que atuou política, e tecnicamente, na gestão e na engenharia, na etapa decisiva do Projeto de Integração do São Francisco.

E a contribuição do engenheiro Francisco Teixeira não parou por ai. Atualmente, como secretário de Recursos Hídricos do Ceará, tem contribuído para a implantação do Cinturão das Águas–CAC, estrutura acessória ao PISF, e fundamental para viabilizar a chegada da água até o Açude Castanhão, principal fonte de abastecimento de água para a Região Metropolitana do Ceará.

O Engenheiro Civil Francisco Lopes Viana, no período de 2002 a 2013, exerceu o cargo de Superintendente de Regulação da ANA-Agência Nacional de Águas, sendo o responsável pelas áreas de Outorga, Fiscalização e Sustentabilidade do Projeto de Integração do São Francisco-PISF. O engenheiro Viana teve a oportunidade, desafio  e o privilégio de coordenar técnica e gerencialmente ações fundamentais no projeto PISF. Foram várias suas contribuições, mas destacam-se:

Debates e Aprovações técnicas nas Câmaras Técnicas e no Plenário do CNRH-Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no período 2003-2005; 

Apresentações, defesas técnicas e debates complexos junto aos órgãos gestores da bacia doadora, que contemplam os estados de MG, GO, DF, BA, PE, SE e AL, cada um com visões e interesses distintos. A mesma estratégia foi aplicada junto ao CBH-Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, no período 2004-2005; Ficou sob sua responsabilidade a elaboração da NOTA TÉCNICA e OUTORGA PREVENTIVA do PISF, elaborada no ano de 2005, com apresentação, no Palácio do Planalto, ao Presidente e Conselho de Ministros, da referida outorga. 

O mesmo ocorreu com a NOTA TÉCNICA e OUTORGA DE DIREITO DE USO, expedida ao então MI-Ministério da Integração Nacional, no ano de 2006;                    

Outra contribuição fundamental foi a NOTA TÉCNICA e Certificado de Sustentabilidade Operacional do PISF, que garantiu o comprometimento dos Ministérios da Casa Civil, Integração Nacional, Minas e Energias, e do Meio Ambiente, e ainda a aprovação dos Governadores dos Estados receptores, formados por CE, RN, PB e PE.

Foi um evento de sorte para a concretização do sonho de integração das águas do rio São Francisco ao nordeste setentrional: dois engenheiros qualificados, cearenses, com conhecimentos especializados na engenharia civil, com habilidades e competências na gestão de grandes projetos, e com uma rede de relacionamento qualificada, tenham desempenhado funções importantes no Ministério da Integração e na Agência Nacional de Águas. Foi o caso de Francisco Teixeira e Francisco Viana, que ficarão eternizados na história, por terem  “emprestados seus nomes”, pela competência técnica, para que o “Velho Chico” comece nova história, de desenvolvimento econômico e social, nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

O Engenheiro Civil Hypérides Pereira de Macedo, na função de Secretário Nacional de Infraestrutura Hídrica, desenvolveu atividades técnicas fundamentais para o Projeto de Integração do Rio São Francisco. Ele foi coordenador do  acompanhamento técnico, fiscalização e ordenador de despesa do PISF. Sua participação foi efetiva para a elaboração dos aditivos para os serviços complementares, dentre os quais se destaca o Eia/Rima, para o Ramal do Agreste, e do Entremontes. Na condição de representante do Ministério da Integração, Hypérides Macedo contribuiu, com seus conhecimentos técnicos, especializados, na elaboração da proposta do Projeto PISF, que foi  aprovada no Conselho Nacional dos Recursos Hídricos-CNRH. Ainda como Representante do Ministério da Integração, teve atuação decisiva na  aprovação da proposta do Projeto PISF, junto ao Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. O engenheiro civil Hypérides Macedo atuou, também, na coordenação da implantação dos Eixos Norte e Leste nos respectivos territórios, e na demarcação da faixa de domínio, cadastro e memorial da desapropriação dos terrenos/imóveis, necessários à execução do PISF. Outra contribuição importante foi a sua participação na articulação e aprovação do PISF, junto aos governadores da região Nordeste.

O Engenheiro Mecânico Roberto Sergio Farias de Souza, desenvolveu atividades técnicas, e colocou sua inteligência e suor a serviço do projeto, sendo o responsável pelo estudo de concepção do sistema de bombeamento, desenvolvendo estudos em três estações elevatórias, com bombas acionadas por motores elétricos.

Para a Estação Elevatória do São Francisco, Bombeamento tipo I, a vazão total máxima foi de 92,32 m3/s, com potência total de 34.400 kW, com bomba de eixo vertical, tipo Francis em voluta de concreto.

Nas estações elevatórias de Salgueiro e de Terra Nova e, a vazão máxima foi 163,31 m3/s, 151.900 kW, e de 163,31 m3/s, totalizando 107.688 kW, respectivamente. Em ambas, foram utilizadas 7 unidades, com bombas de eixo vertical, semi-axial, em voluta de aço. Foi realizada, também, a engenharia básica da tubulação de recalque, com definição de material e revestimento interno.

Os profissionais deram suas contribuições no período mais turbulento para o projeto, participando de acalorados debates e coordenando estudos para a demonstração da importância, da necessidade e da viabilidade técnica, social, econômica e ambiental do projeto. Foram com as contribuições efetivas desses competentes engenheiros cearenses que foram obtidas as autorizações do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, outorga da Agência Nacional de Águas, licenças do IBAMA e do Iphan, apoio dos Governadores, e tantas outras atividades técnicas, e de gestão.

Tão importante quanto ressaltar a importância da Engenharia Cearense no processo, é o registro histórico de peculiaridades, e pequenas  curiosidades que marcaram o percurso dessa importante conquista, com pinceladas de curiosidades, nunca  relatadas. Isso foi possível graças aos relatos dos quatro acadêmicos, diretamente envolvidos no projeto.

Algumas curiosidades técnicas, como foi a alternativa de lançar a água no riacho dos Porcos, que foi descartada em função da dificuldade do fluxo de água, em um percurso de 75 km, sem calha definida, com baixa declividade, meandrando uma planície sedimentar.

Com a construção do Cinturão das Águas do Ceará, optou-se por fazer a água fluir em 53 km de canal em terra, revestido por membrana impermeável e por concreto, e mais 25 km de um riacho, com boa declividade e calha bem definida, com boa capacidade de vazão, algo que o riacho dos Porcos não propiciava. Com essa decisão houve uma redução significativa das perdas.

Assim, a partir do reservatório Jati, ponto de entrega do PISF ao Estado do Ceará, a água percorrerá 53 km pelo Cinturão das Águas-CAC, sendo lançada no riacho Seco, em Missão Velha. Após percorrer 25 km entra no rio Batateira/Salgado, flui pelo rio Salgado, passando por municípios como Autora e Lavras da Mangabeira. Em seguida entra no rio Jaguaribe, no município de Icó, para ser endereçada ao açude Castanhão, depois de percorrer cerca de 300 km em solo cearense.

Importante ressaltar que as águas franciscanas, levadas ao Castanhão, irá fortalecer a Segurança Hídrica de Abastecimento das pessoas em seu entorno, e complementarmente, na irrigação.

Outros acadêmicos da ACE contribuíram, de forma indireta, com o PISF

A guerra política que se estabeleceu sobre o Projeto de Interligação de Bacias do Rio São Francisco foi vencida pela forte mobilização das comunidades que habitam o Nordeste Setentrional. No Ceará, tiveram participação decisiva o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará-CREA-CE, a Academia Cearense de Engenharia e outras instituições vinculadas à Engenharia, com destaque ao DNOCS, entidades de classe, Universidades e Assembleia Legislativa. Foram organizados fóruns e Grupos de Trabalho, e houve participação em palestras, debates, audiências públicas no Ceará, em outras cidades nordestinas. O PISF foi, também, debatido em Brasília e Rio de Janeiro. O cerne da questão era focar na Engenharia, para demonstrar que havia viabilidade técnica, financeira, econômica, política e social. Isso foi decisivo para reduzir as insatisfações, e resultou na  geração de materiais técnicos, com abordagem de itens técnicos e sociais.

Vários acadêmicos da Academia Cearense de Engenharia tiveram participação indireta, mas foram de importância impar na defesa do projeto.

O Engenheiro Agrônomo Antônio de Albuquerque Sousa Filho, como presidente da ACE (2016/2017), viabilizou a realização de palestras, visita técnica às obras, publicação de materiais técnicos. Foi autor de artigo técnico-Revista da ACE: A VERDADE SOBRE O PROJETO DE TRANSPOSIÇÃO;

O Engenheiro Civil Victor César da Frota Pinto, como presidente do CREA-CE (2012/2017), realizou palestras, eventos, publicação de materiais técnicos. Foi autor de artigo técnico-Revista da ACE: A CONTEXTUALIZAÇÃO DA OBRA DE INTEGRAÇÃO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO;

O Engenheiro Eletricista Antonio Salvador da Rocha, como presidente do CREA-CE (2006/2011), criou grupos de trabalho, coordenou a realização de palestras, eventos, e publicação de materiais técnicos. Foi autor de artigo técnico-Revista da ACE; EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO NO ENTORNO DA TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO;

O Engenheiro Civil Otacílio Borges Filho, como presidente do CREA-CE (2000/2005), contribuiu com a realização de palestras, eventos e publicação de materiais técnicos. Foi autor de artigo técnico-Revista da ACE: FATORES QUE IMPACTARAM NO ATRASO DAS OBRAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Jesualdo Pereira Farias, como Reitor da Universidade Federal do Ceará, apoiou a realização de palestras, eventos, publicação de materiais técnicos e participação em grupos de trabalho, na Assembleia Legislativa e Federação das Indústrias-FIEC;

O Engenheiro Agrônomo José Flávio Barreto de Melo, na condição de presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Ceará-AEACE,  manifestou-se através de artigos publicados na imprensa, com temas sobre uso da água na agricultura notadamente, enfatizando a escassez do bem e as consequências futuras do uso desordenado. Coordenou o XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRONOMIA,  Ceará, 2017, com a promoção da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil-CONFAEAB. Este é o maior evento da agronomia brasileira, e teve como tema central: SEGURANÇA HÍDRICA-UM DESAFIO PARA OS ENGENHEIROS AGRÔNOMOS  DO BRASIL.

O Engenheiro Civil Manfredo Cássio de Aguiar Borges, como Diretor Técnico do DNOCS, teve várias contribuições nos debates técnicos, e na produção de textos sobre a obra e os equipamentos nela inseridos, como foi o caso do Castanhão. Posteriormente, foi coordenador de Grupo de Trabalho sobre a Transposição no CREA-CE.

O Engenheiro Civil Antonio Nunes de Miranda desenvolveu serviços de consultoria e assessoria técnica especializada em segurança de barragens (2014/2015). Deu apoio à equipe técnica da Empresa Gerenciadora: na elaboração dos planos de segurança das barragens do PISF e do plano de contingência, durante o teste de enchimento; elaborou Notas Técnicas do exame dos projetos (básicos e executivos) das barragens do PISF, como subsídio à elaboração ao plano de segurança destas obras e para orientação do plano contingência durante o seu teste de enchimento.

O Engenheiro Civil Lyttelton Rebelo Fortes, participou de consultoria técnica no projeto Cinturão das Águas, Eixo 3;

O Engenheiro Civil Eudoro Walter de Santana, na condição de Diretor Geral do DNOCS, foi fundamental para convencer o Governador do Ceará e ao Ministro da Integração, da importância do PISF;

A Academia Cearense de Engenharia registra a atuação competente dos seus atuais integrantes,  agradece e parabenizam-nos pelo empenho, brilhantismo e ética com que atuaram na grandiosa obra de engenharia de integração do Rio São Francisco.

Em especial, destacam-se o trabalho dos quatro engenheiros, acadêmicos titulares desta confraria: Francisco José Coelho Teixeira; Francisco Lopes Viana; Hypérides Pereira de Macedo; e Roberto Sergio Farias de Souza.

Fortaleza, junho de 2020.
Antonio Salvador da Rocha.
Presidente da Academia Cearense de Engenharia.


ACADEMIA CEARENSE DE ENGENHARIA – GESTÃO 2020-2021

Diretoria (2020-2021)

Eng. Elet. Antonio Salvador da Rocha – Presidente.
Eng. Civil Lyttelton Rebelo Fortes – Vice-Presidente.
Eng. Civil: César Aziz Ary – Primeiro Secretário.

Eng Mec. Fernando Ribeiro de Melo Nunes – Segundo Secretário.
Eng. Civil: Gerardo Santos Filho – Primeiro Tesoureiro.

Eng. Agrônomo José Flávio Barreto de Melo – Segundo Tesoureiro.

Conselho Fiscal

Eng. Agrônomo Mauro Barros Gondim -Titular.
Eng. Civil Joaquim Antônio Caracas Nogueira-Titular.

Eng. Mec. José Maria de Sales Andrade Neto-Titular.
Eng. Agrônomo Ubiratan Sales Vieira-Suplente.

Eng. Mecânico Roberto Ney Ciarlini-Suplente.

Conselho Consultivo

Eng. Agrônomo Antônio de Albuquerque Sousa Filho-Ex-Presidente.
Eng. Civil Victor César da Frota Pinto-Ex-Presidente.
Eng. Civil Vicente Cavalcante Fialho-Acadêmico Fundador.

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